Atitudes dos guardas prisionais em relação aos ofensores sexuais e a sua reabilitação

Abstract

Resumo: A conduta humana é influenciada pelas atitudes dos indivíduos e a investigação tem mostrado que as atitudes dos guardas prisionais estão associadas ao seu comportamento. Em concreto, as atitudes dos guardas prisionais face aos agressores, e em especial aos agressores sexuais, parece influenciar a sua conduta em relação aos mesmos. Não obstante, em Portugal, há uma ausência de estudos sobre este fenómeno. Assim, o presente estudo tem como objetivos analisar as atitudes de guardas prisionais em relação aos ofensores sexuais e à sua reabilitação e compreender se as suas atitudes variam em função do sexo, idade, escolaridade e anos de serviço dos mesmos. Para tal, foram aplicadas a Escala de Atitudes em relação aos Agressores Sexuais (EAAS) e a Escala de Atitudes em relação ao Tratamento de Agressores sexuais (ETAS) a uma amostra de 48 guardas prisionais, e os resultados mostram que os Guardas Prisionais tendem a evidenciar atitudes negativas. Quanto às variáveis sociodemográficas, apenas se verificaram correlações estatisticamente significativas entre as atitudes face à reabilitação de agressores sexuais, a idade e os anos de serviço dos participantes, sendo os guardas com mais anos de serviço e mais velhos aqueles que sustentam atitudes mais positivais em relação à reabilitação de agressores sexuais. Não se verificaram correlações entre as variáveis sociodemográficas e as atitudes em relação aos agressores sexuais. Estes dados sugerem que a experiência profissional e um maior contacto com os reclusos agressores sexuais pode originar atitudes mais positivas face à sua reabilitação/tratamento. Ademais, estes resultados salientam a importância da formação inicial e contínua dos guardas prisionais e de uma maior consciencialização em relação às suas atitudes face aos reclusos, atendendo ao papel ressocializador que estes têm na sociedade.

Abstract: Human conduct is influenced by subjects attitude and research as shown that prison guards attitudes are associated with their behavior. In specific the attitudes of prison guards towards offenders, and especially sexual offenders, seems to influence their conduct towards them. In concrete, despite in Portugal there is an absence of studies on this phenomenon. Therefore, the present study aims to analyze the attitudes of prison guards towards sexual offenders and their rehabilitation and to understand if their attitudes vary according to their gender, age education and years of service. To this end, the Sexual Offenders Attitude Scale (EAAS) and the Sexual Offenders Treatment Attitudes Scale (ETAS) were applied to a sample of 48 prison guards. The results as shown that Prison Guards tend to show negative attitudes towards sexual offenders and their rehabilitation. Regarding sociodemographic variables, there were only statistically significant correlations between attitudes towards rehabilitation of sexual offenders the age and years of service of the participants, being the guards with the most years of service and older being those who show the most positive attitudes in the population. regarding the rehabilitation of sexual offenders. There were no correlations between sociodemographic variables and attitudes towards sexual offenders. These data suggest that professional experience and greater contact with sexual offenders may lead to more positive attitudes towards their rehabilitation / treatment. Furthermore, these results point out to the importance of the initial and continuing formation of prison guards and of raising awareness of their attitudes towards prisoners, given their resocializing role in society.