Competências profissionais e a liderança : os desafios contemporâneos para o Serviço Social

Abstract

Constitui-se como objeto de estudo a perceção que os profissionais têm das suas competências profissionais transversais, e em específico da competência da liderança no Serviço Social. Considera-se competências profissionais como a combinação de um repertório de conhecimentos, motivações, valores e ética, atitudes e emoções, ou seja, um conjunto de comportamentos e habilidades cognitivas, sociais e emocionais que deve ser mobilizado para o êxito de uma determinada atividade profissional (Brandão & Guimarães, 2001; Clanchy & Ballard, 1995; Comellas, 2000; Dubar, 1998; Estella & Vera, 2008; Reynaud, 1987; Zarifian, 2001). De acordo com os autores de referência, verifica-se que existe um conjunto de competências relevantes e com maior destaque para o Serviço Social que se podem agrupar em competências estruturais, interpessoais, interventivas e processuais (Applewhite, Kao & Pritzker, 2018; APSS, 2019; Bogo, 2010; Cournoyer, 2000; Dutton & Kohli, 1996; Healy, 2012; O’Hare, Tran & Collins, 2002; Rogers, Whitaker, Edmondson & Peach, 2017; Trevithick, 2012b; Vass, 1996; Wang & Chui, 2017. A liderança é um processo que se fundamenta na missão, nos princípios e nos valores do Serviço Social (Rank & Hutchison, 2000), sendo entendida como um procedimento ao nível organizacional, relacional e individual (Peters S., 2018). A prática profissional dos Assistentes Sociais deve ser ancorada numa abordagem de liderança, na sua conceptualização ampla e inclusiva, permitindo aos profissionais que se assumam como líderes, isto é, que sejam agentes ativos de mudança. Adotámos uma estratégia metodológica predominantemente dedutiva, ancorada no paradigma positivista e no pós-positivista. Trata-se de um estudo quantitativo, exploratório, no qual se procura compreender as correlações entre as variáveis. Os dados revelam que os profissionais apresentam scores mais elevados no âmbito das competências interventivas. Já a liderança transformacional assente na motivação inspiracional (Bass & Avolio, 1994), ou seja, no empowerment (Rank & Hutchison, 2000), é o modelo de liderança evidenciado pelos Assistentes Sociais. Quanto aos elementos e princípios fundamentais da liderança no Serviço Social, os comportamentos individuais são os que mais se destacam. A licenciatura ser pré ou pós-Bolonha, a média final do curso, os anos de exercício profissional e o cargo desempenhado pelos Assistentes Sociais são indicadores que influenciam as competências profissionais e a liderança no Serviço Social.

The object of study focuses on the perception that professionals have of their transversal professional skills, specifically the competency of leadership in Social Work. Professional competencies are considered to be the combination of a repertoire of knowledge, motivations, values and ethics, attitudes and emotions, that is, a set of cognitive, social and emotional behaviours and skills that must be mobilised for the success of a particular professional activity (Brandão & Guimarães, 2001; Clanchy & Ballard, 1995; Comellas, 2000; Dubar, 1998; Estella & Vera, 2008; Reynaud, 1987; Zarifian, 2001). According to the reference authors, there is a set of competencies that are relevant to Social Work which can be grouped into structural, interpersonal, interventional and procedural competencies (Applewhite, Kao & Pritzker, 2018; APSS, 2019; Bogo, 2010; Cournoyer, 2000; Dutton & Kohli, 1996; Healy, 2012; O’Hare, Tran & Collins, 2002; Rogers, Whitaker, Edmondson & Peach, 2017; Trevithick, 2012b; Vass, 1996; Wang & Chui, 2017.) Leadership is a process grounded in the mission, principles and values of Social Work (Rank & Hutchison, 2000), and it is understood as a procedure at the organisational, relational and individual levels (Peters S., 2018). The professional practice of Social Workers should be anchored in a leadership approach, in its broad and inclusive conceptualization, allowing professionals to assume themselves as leaders, that is, to be active agents of change. We adopted a predominantly deductive methodological strategy, anchored in the positivist and post-positivist paradigms. It is a quantitative and exploratory study, in which we seek to understand the correlations between variables. The data reveal that the professionals present higher scores in the intervention competencies. Transformational leadership based on inspirational motivation (Bass & Avolio, 1994), i.e., empowerment (Rank & Hutchison, 2000), is the leadership model evidenced by Social Workers. As for the fundamental elements and principles of leadership in Social Work, individual behaviours are the ones that stand out the most. Whether the degree is pre or post-Bologna, the final grade average, the years of professional practice and the position held by social workers are indicators that influence professional competencies and leadership in Social Work.