A relação entre o bem-estar e o stress percebido relativamente à COVID-19 em Portugal

Abstract

A perceção de stress tende a ter um impacto negativo no bem-estar subjetivo, pelo que é importante estudar a relação entre estas duas variáveis no contexto da pandemia COVID-19. Esta compreensão torna-se relevante para informar as sociedades acerca das especificidades da relação da perceção de stress com o bem-estar em contexto de pandemia. O objetivo foi avaliar a relação entre o stress percebido relativamente à COVID-19 e o bem-estar subjetivo. Participaram neste estudo 155 adultos com idades entre os 18 e 76 anos (M = 31.21, DP = 15.62). Utilizaram-se as versões portuguesas das escalas: Positive and Negative Affect Schedule (PANAS; Galinha & Ribeiro, 2005), World Health Organization Quality of Life – Brief (WHOQOL-Brief; Serra et al., 2006) e a Revised Illness Perception Questionnaire (IPQ-R; Figueiras & Alves, 2007) adaptada para a COVID-19 (Pedras et al., 2020). Os resultados demonstraram que a perceção de stress está negativamente relacionada com o bem-estar subjetivo. A perceção de stress revelou estar negativamente relacionada com cada um dos indicadores de bem-estar. Logo, quanto maior a perceção de ameaça e stress face à COVID-19, menor o bem-estar apresentado pelos indivíduos. Este estudo contribuiu para evidenciar a necessidade de promover na população o desenvolvimento de respostas adaptativas e eficazes em situações de stress elevado, como o caso da pandemia COVID-19, de forma a minimizar o stress percecionado e o seu impacto nos níveis de bem-estar dos indivíduos.

The perception of stress tends to have a negative impact on subjective well-being, thus it is important to study the relationship between these two variables in the context of the COVID-19 pandemic. This understanding becomes relevant to inform societies about the specificities of the relationship between the perception of stress and well-being in the context of a pandemic. The objective was to evaluate the relationship between perceived stress related to COVID-19 and subjective well-being. 155 adults participated in this study with ages between 18 and 76 years (M = 31.21, SD = 15.62). The Portuguese versions of these scales were used: Positive and Negative Affect Schedule (PANAS; Galinha & Ribeiro, 2005), World Health Organization Quality of Life – Brief (WHOQOL-Brief; Serra et al., 2006) and the Revised Illness Perception Questionnaire (IPQ-R; Figueiras & Alves, 2007) adapted for COVID-19 (Pedras et al., 2020). Results showed that perception of stress is negatively related to subjective well-being. Perceived stressed proved to be negatively related to each well-being indicator. Therefore, the greater the perception of threat and stress in the face of COVID-19, the lower well-being presented by individuals. This study highlights the need to promote the development of adaptive and effective responses in situations of high stress, like in the case of the COVID-19 pandemic, in order to minimize the perceived stress and its impact on the levels of well-being of the individuals.