As propriedades psicométricas da versão portuguesa (europeia) do Questionário de Fundações Morais - 30

Abstract

A Teoria das Fundações Morais (TFM) de Jonathan Haidt procura a integração dos contributos de diversas áreas como a Antropologia, a Psicologia Evolucionista e a Primatologia para estudar a moralidade numa perspetiva inatista, desenvolvimental-cultural, pluralista e enfatizando a primazia da intuição. Atualmente, a TFM está a ser aferida transculturalmente através da versão de 30 itens do Questionário de Fundações Morais (QFM-30). O presente estudo procurou adaptar e testar as propriedades psicométricas do QFM-30 numa amostra Portuguesa envolvendo um total de 311 participantes com idades entre os 18-69 anos (M=30.66, DP=9.94). Um subconjunto destes participantes respondeu ainda a diversas outras medidas para se poder testar a validade externa do instrumento. Uma análise fatorial confirmatória, e após modificações post hoc que resultaram na remoção de três itens problemáticos, sugeriu que o modelo de cinco fatores providencia um melhor ajustamento do que modelos alternativos. Na presente amostra verificaram-se ainda diferenças significativas entre os sexos a nível da fundação do cuidar, e em termos ideológicos denotou-se que quando nos movemos do espectro político da esquerda para o da direita as fundações coesivas (particularmente a santidade) aumentam significativamente, enquanto as fundações individualistas (particularmente o cuidar) tendem a diminuir.

Abstract Jonathan Haidt's Moral Foundations Theory (MFT) seeks to integrate the contributions of several areas such as Anthropology, Evolutionary Psychology and Primatology to study morality in an innate, developmental-cultural, pluralist perspective that emphasizes the primacy of intuition. Currently, TFM is being cross-culturally assessed using the 30-item version of the Moral Foundations Questionnaire (MFQ-30). The present study sought to adapt and test the psychometric properties of the MFQ-30 in a Portuguese sample involving a total of 311 participants with ages ranging 18-69 years (M=30.66, SD = 9.94). A subset of these participants also responded to several other measures in order to test the instrument's external validity. A confirmatory factor analysis, and after post hoc modifications that resulted in the removal of three problematic items, suggested that the five-factor model provided a better fit than alternative models. In the present sample there were also significant differences between the sexes in terms of the care foundation, and in ideological terms when we move from the political left to the political right, the three binding foundations (particularly sanctity) increase significantly, while the two individualizing foundations decrease (particularly care).