A relação entre as práticas parentais e a violência no namoro

Abstract

A adultez emergente é um conceito recente e diz respeito aos jovens que parecem adotar comportamentos característicos da adolescência, mas com a independência e autonomia característicos da adultícia. Nesta fase, os jovens iniciam suas relações íntimas com o objetivo de criar um futuro e uma família. No entanto, as relações podem ser marcadas por episódios de violência, criando-se assim situações designadas de violência no namoro. Esta violência é um problema comum nos jovens e parece estar relacionada com a infância dos indivíduos, nomeadamente com o estilo parental vivenciado na infância. O objetivo deste estudo é caracterizar as atitudes dos jovens frente à violência no namoro e identificar preditores dessas atitudes (estilos e práticas parentais e características sociodemográficas). No estudo participaram 120 estudantes do ensino superior, de ambos os géneros, com idades compreendidas entre os 18 e os 28 anos. A recolha de dados foi realizada através dos instrumentos inventário de conflitos nas relações de namoro (EAVN) e a escala de atitudes acerca da violência no namoro (CADRI). Como resultados, verificou-se que 86% dos jovens possuem comportamentos violentos na relação, sendo que se verificou que quanto mais autoritários e permissivos os pais forem, maior tolerância à violência no namoro. Verificou-se ainda que estes estilos parentais, nomeadamente por parte da mãe, são preditores da tolerância à violência física feminina, assim como por parte do pai, são preditores da tolerância à violência física masculina. Em suma, verificou-se que os estilos parentais influenciam a forma como os jovens toleram a violência.

Emerging adulthood is a recent concept and concerns young people who seem to adopt behaviors characteristic of adolescence, but with the independence and autonomy characteristic of adulthood. At this stage, young people begin their intimate relationships with the aim of creating a future and a family. However, relationships can be marked by episodes of violence, thus creating situations called dating violence. This violence is a common problem in young people and seems to be related to the childhood of individuals, namely the parenting style experienced in childhood. The aim of this study is to characterize the attitudes of young people towards dating violence and to identify predictors of these attitudes (parenting styles and practices and sociodemographic characteristics). The study involved 120 students of higher education, of both genders, aged between 18 and 28 years. Data collection was carried out using the instruments of inventory of conflicts in dating relationships (EAVN) and the scale of attitudes about dating violence (CADRI). As a result, it was found that 86% of young people have violent behavior in the relationship, and it was found that the more authoritarian and permissive the parents are, the greater tolerance for violence in dating. It was also found that these parenting styles, namely by the mother, are predictors of tolerance to female physical violence, as well as by the father, are predictors of tolerance to male physical violence. In short, it was found that parenting styles influence how young people tolerate violence.