Perceção da qualidade de vida dos reclusos

Abstract

A qualidade de vida dos reclusos é uma das características que alcança as mais diversas áreas, inclusive o sistema penal e prisional. A família também possui um papel fundamental para o recluso, pois é ela que lhe poderá dar a motivação necessária para a superação do cumprimento da pena em si. Dada a escassez de estudos referentes à qualidade de vida dos reclusos em Portugal, torna-se pertinente estudar este tema. O objetivo deste estudo foca-se em compreender e caracterizar a qualidade de vida dos reclusos, mais especificamente de acordo com a idade, o género, situação profissional e penas a que estão condenados nos diversos estabelecimentos prisionais na zona de Lisboa. Participaram neste estudo 125 reclusos, sendo a amostra constituída por 106 reclusos condenados e 18 preventivos. Foram contabilizados 27 reclusos do género feminino, e 98 reclusos do género masculino. A população alvo cingiu-se a reclusos que se encontram nos EP de Caxias, EP de Lisboa, EP da Carregueira e EP de Tires. Os participantes têm idades compreendidas entre os 19 e os 65 anos, com uma média de 42 anos de idade. Na sua maioria, os participantes são de nacionalidade Portuguesa (81,7%). Os instrumentos utilizados foram o questionário WHOQOL-BREF (Canavarro e tal.,2006; WHOQOL, 1994), e um Questionário Sociodemográfico de forma a recolher informação relevante para o estudo. Os resultados demonstraram diferenças significativas na qualidade de vida global para as variáveis dimensão física, psicológica, social e ambiental de acordo com o género, demonstrando que os homens têm mais qualidade de vida que as mulheres. Também as variáveis referentes à qualidade de vida global nas dimensões física, psicológica e social apresentam diferenças significativas relativamente à idade, verificando-se que os reclusos entre os 18 e os 34 anos possuem uma melhor qualidade de vida comparativamente aos reclusos com idades entre os 35 e os 79 anos. Verificou-se que a QV global dos reclusos é melhor explicada pela existência de filhos dentro do agregado familiar, e também por reclusos que não tenham praticado crimes contra a vida. A escolha do presente estudo foi importante pois trata-se de um tema não muito aprofundado em Portugal, pelo que se torna relevante proporcionar um maior conhecimento a nível da perceção da qualidade de vida global dos reclusos, alertando para a chamada de atenção da mesma nos diferentes estabelecimentos prisionais de Lisboa.

The quality of life of inmates is one of the characteristics that reaches the most diverse areas, including the penal and prison system. The family also has a fundamental role for the inmate, since it is the one who can give him the necessary motivation to overcome the sentence itself. Given the scarcity of studies concerning the quality of life of prisoners in Portugal, it is pertinent to study this issue. The objective of this study is to understand and characterize the quality of life of prisoners, more specifically according to age, gender, occupational status and sentencing in various prisons in the Lisbon area. 125 inmates participated in this study, and the sample consisted of 106 convicted prisoners and 18 convicted prisoners. There were 27 female inmates and 98 male inmates. The target population was girded to inmates found in the EPs of Caxias, EP of Lisbon, EP of Carregueira and EP of Tires. Participants are between the ages of 19 and 65, with an average age of 42. The majority of the participants are of Portuguese nationality (81.7%). The instruments used were the WHOQOL-BREF questionnaire (Canavarro et al., 2006; WHOQOL, 1994), and a Sociodemographic Questionnaire in order to collect relevant information for the study. The results demonstrated significant differences in the global quality of life for the variables physical, psychological, social and environmental dimensions according to gender, demonstrating that men have more quality of life than women. Also, the variables related to the overall quality of life in the physical, psychological and social dimensions present significant differences with respect to age, and it is verified that inmates between the ages of 18 and 34 have a better quality of life compared to prisoners aged 35 and the 79 years. Checked that, the overall QoL of prisoners is best explained by the existence of children within the household, and also by prisoners who have not committed crimes against life. The choice of the present study was important because it is a topic not very deep in Portugal, reason why it becomes relevant to provide a greater knowledge in the perception of the global quality of life of the prisoners, alerting to the call of attention of the same in the prisons in Lisbon.