Espaços de transição na arquitectura contemporânea de Lisboa : três edifícios de comércio e serviços na Rua Castilho

Abstract

A arquitectura, para cumprir as três condições da boa construção – Solidez, Funcionalidade e Beleza –, tem de atender à ligação entre os espaços auto-contidos e o exterior, a qual é concretizada pelos espaços de transição e é indispensável a todo e qualquer espaço construído. Esses espaços de transição entre o exterior e o interior dos edifícios adquirem diversas formas e funções – tais como ante-câmaras (halls), arcadas, átrios, corredores, esplanadas, galerias, lójias, patamares, pátios, pórticos e terraços – e contribuem para o primeiro impacto da relação do utilizador com o edifício, acrescentando assim à funcionalidade os aspectos de usufruto estético e espiritual. Neste estudo, confrontamos postulados teóricos de sempre com a materialização dos espaços de transição num conjunto constituído por três edifícios de referência – o «Franjinhas», o «Castil» e o «SIMOPRE» – primeiramente projectados para as mesmas funções de comércio e serviços, todos localizados na Rua Castilho, em Lisboa, e que saíram do risco de arquitectos portugueses nas décadas de 60 e 70 do séc. XX: o ateliê Nuno Teotónio Pereira, o ateliê Conceição Silva e o ateliê Multiplano. A problemática da gestão destes espaços mediadores num edifício urbano e de funções variadas, surgiu-nos durante a concepção do projecto final de curso, Centro Cultural de Sintra a situar-se na Avenida da Liberdade, em Lisboa, e que apresentamos no final desta dissertação. A resolução harmoniosa dos problemas intrínsecos aos espaços de transição num edifício com essas características e circunstâncias revelou-se um dos principais desafios a vencer.