Viver em paralelo : uma viagem pela toxicodependência

Abstract

A Psicologia Clínica continua a ser alvo de grandes reflexões em torno dos seus objectivos, objectos e processos, consequência da diversidade de paradigmas que lhe foram dando corpo. Mesmo ao enunciarmos os principais objectivos da psicologia clínica, gerar conhecimento baseado em evidências cientificamente validadas e aplicar esse conhecimento na promoção de melhorias significativas da saúde mental e comportamental dos indivíduos (Baker, McFall, Shoham, 2009), parece que o consenso não é atingido, talvez fruto dos diferentes níveis de análise nos quais se colocam os diversos clínicos e investigadores, lembrando a metáfora do veredicto do pássaro Dodo de Alice no País das Maravilhas (Carrol, 2000), classicamente aplicada às psicoterapias (e.g., Luborsky, Singer, Lubosky, 1975; Mansel, in press; Stiles, Shapiro, Elliot, 1986), "todos ganharam e todos merecem os seus prémios!". Paralelamente, Lilienfeld (2010) apresenta cinco ameaças à cientificidade da Psicologia: a) o "politicamente correcto"; b) o ambientalismo radical; c) a ressurreição do "senso comum" e da intuição como árbitros da verdade científica; e d) o Pós-modernismo. Contudo, considera que estas podem ser ultrapassadas a partir de uma formação de base sólida e de qualidade. Foi com base nestes pressupostos que elaborámos este relatório, produto final de 900 horas de estágio na Equipa de Tratamento Oriental do Centro de Respostas Integradas Porto-Oriental, Instituto da Droga e Toxicodependência - Instituto Público, no âmbito do Mestrado em Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade Lusíada do Porto. As perturbações relacionadas com o abuso de substâncias são um dos mais prevalentes e dispendiosos problemas de saúde pública dos países industrializados (Higgins, Sigmon, Heil, 2008).