Espaços públicos e privados na formação de uma comunidade

Abstract

Na presente investigação explora-se a capacidade de incentivar o contacto social e o sentido de comunidade, através do planeamento adequado de espaços de transição. O ensaio projetual investiga a importância da articulação e hierarquização entre domínios públicos e privados e o modo como a arquitetura influencia a permanência dos indivíduos nas áreas urbanas. Explora-se a importância do papel operativo dos espaços de transição na formação de relações de vizinhança, essenciais na criação de uma comunidade coesa e participativa. Considera-se a possibilidade de desenvolver espaços de transição em conjuntos habitacionais que ultrapassam a mera função de circulação ou de passagem, mas que possibilitem o uso e a permanência dos cidadãos, salvaguardando sempre a noção de conjunto. A correta hierarquização entre os vários domínios proporciona a criação de áreas intermédias, com oportunidades de desenvolvimento de relações sociais, segundo o enquadramento teórico dos arquitetos Hertzberger, Chermayeff & Alexander e Gehl. Com o intuito de responder à ausência de qualificação e planeamento de espaços de transição, procuraram-se soluções arquitetónicas, a partir do estudo das necessidades e experiências da sociedade contemporânea. Esta abordagem pretende aproximar os cidadãos, resgatando o potencial dos espaços partilhados, especialmente no contexto do habitar. Privilegiar os espaços de transição numa comunidade revela-se uma abordagem pouco comum. No entanto, acredita-se que o planeamento de áreas intermédias que incentivem a permanência e interação proporciona benefícios significativos na qualidade de vida da cidade. Assim, procura--se demonstrar que espaços de transição qualificados fortalecem o sentido de comunidade através de ambientes mais acolhedores, inclusivos e participativos.

In the present study, the capacity to encourage social interaction and a sense of community is explored through the appropriate planning of transitional spaces. The design essay investigates the importance of articulating and prioritizing public and private domains and how architecture influences individuals’ use of urban areas. It explores the operative role that transitional spaces play in forming neighborhood relationships, which are essential to creating a cohesive and participatory community. The possibility of developing transitional spaces within housing complexes is considered spaces that go beyond merely serving circulation or passage functions, allowing citizens to linger and use them while always preserving the sense of unity. Correctly hierarchizing the various domains enables the creation of intermediate areas that provide opportunities for social relationships to flourish, guided by the theoretical framework of architects Hertzberger, Chermayeff & Alexander, and Gehl. To address the lack of quality and planning in transitional spaces, architectural solutions were sought based on the study of contemporary society’s needs and experiences. This approach aims to bring citizens closer, reclaiming the potential of shared spaces, especially within the residential context. Prioritizing transitional spaces within a community is an uncommon approach. However, it is believed that planning intermediate areas that encourage permanence, and interaction offers significant benefits to urban quality of life. Thus, the study seeks to demonstrate that well-designed transitional spaces enhance the sense of community through environments that are more welcoming, inclusive, and participatory.