Logística inversa : conceito, devoluções e meio ambiente : perspetiva das empresas húngaras

Abstract

Dada a crescente relevância da economia circular e da Logística Inversa, torna-se importante verificar a evolução do tema em estudo em diferentes realidades, nomeadamente em diferentes países. Este trabalho tem como objetivos a realização de uma revisão atualizada da literatura científica para dar o adequado enquadramento e fundamentação à investigação realizada em empresas húngaras, na qual é pretendido entender a perspetiva destas relativamente ao tema em questão, e na medida do possível, estabelecer uma relação entre este estudo e o estudo efetuado em empresas portuguesas, no que concerne à Logística Inversa, o conceito em si, devoluções e meio ambiente. Foi eleita a Hungria pela sua semelhança com Portugal em termos de área geográfica e número de habitantes. A metodologia seguida é de base qualitativa. Assim, para a recolha de dados recorreu-se a um questionário com perguntas abertas e fechadas que foi disponibilizado na plataforma Google Docs, e o link para o mesmo foi enviado por email para as empresas, juntamente com a solicitação de participação. Sete empresas aceitaram participar no estudo. A análise dos resultados obtidos foi efetuada recorrendo ao Microsoft Excel. Ao analisar os resultados, verificou-se que em Portugal e na Hungria a Logística Inversa é conhecida principalmente nas empresas de maiores dimensões. Relativamente às estratégias aplicadas aos produtos devolvidos, nas empresas portuguesas a eliminação foi a mais mencionada, enquanto nas empresas húngaras foram a reparação ou reprocessamento e a eliminação. As empresas de ambos os países estão sensibilizadas para o impacto negativo que os resíduos têm no meio ambiente. Em Portugal todas as empresas efetuam a reciclagem enquanto na Hungria cinco empresas afirmaram efetuar a reciclagem, uma reutiliza os resíduos gerados e outra afirma não ter uma estratégia definida para tratamento dos resíduos. Concluiu-se que há ainda muita margem para progressão neste tema, mais nas pequenas e médias empresas do que propriamente em empresas de maiores dimensões. As empresas acabam efetivamente por aplicar processos de Logística Inversa, mas não o fazem com conhecimento do tema, o que lhes poderia trazer muitas vantagens. O tempo decorrido entre os trabalhos realizados em Portugal e na Hungria pode ser apontado como uma limitação. Para efetuar uma relação entre duas realidades seria importante que o estudo fosse realizado quase em simultâneo, ou com um curto espaço de tempo entre si, para perceber realmente as diferenças existentes num determinado momento. Outro fator que pode ser apontado como limitação é a impossibilidade de aceder a informação relevante no país onde o estudo foi realizado (Hungria), por exemplo a lista da população de empresas relevantes para o estudo. No caso de estudos noutros países, seria uma mais valia estabelecer um protocolo com uma Universidade local e/ou ter um coautor da nacionalidade do país onde é pretendido realizar o estudo. Além de ajudar a diminuir o nível de desconfiança por parte das empresas aumentando o número de participantes poderia também ajudar no acesso a informação mais específica relativamente à realidade daquele país. Palavras-Chave: Logística Inversa; Estudo Multicasos; Conceito, Devoluções e Meio Ambiente; Empresas Húngaras.

Given the growing relevance of the circular economy and Reverse Logistics, it is important to verify the evolution of this topic in different realities, particularly in different countries. The aim of this work is to carry out an up-to-date review of the scientific literature in order to provide an adequate framework and foundation for the research carried out in Hungarian companies, in which it is intended to understand their perspective on the subject in question, and as far as possible, to establish a relationship between this study and the study carried out in Portuguese companies, with regard to Reverse Logistics, the concept itself, returns and the environment. Was chosen Hungary because of its similarity to Portugal in terms of geographical area and number of inhabitants. The methodology used is qualitative. Thus, for data collection, a questionnaire with open and closed questions was used, which was made available on the Google Docs platform, and the link to it was sent by email to the companies, along with the request for participation. Seven companies agreed to take part in the study. The results were analyzed using Microsoft Excel. When analyzing the results, it emerged that in Portugal and Hungary Reverse Logistics is known mainly among larger companies. Regarding the strategies applied to returned products, Portuguese companies mentioned disposal the most, while Hungarian companies mentioned repair or reprocessing and disposal. Companies in both countries are aware of the negative impact that waste has on the environment. In Portugal, all the companies are recycling, while in Hungary five companies said they are recycling, one reuses the waste generated and another says it doesn't have a defined waste treatment strategy. It was concluded that there is still a lot of room for progress in this area, more so in small and medium-sized companies than in larger ones. Companies do end up applying Reverse Logistics processes, but they don't do so with knowledge of the subject, which could bring them many advantages. The time that has elapsed between the work carried out in Portugal and the work carried out in Hungary can be pointed out as a limitation. To establish a relationship between two realities, it would be important for the studies to be carried out almost simultaneously, or with a short space of time between them, to really understand the differences that exist at a given moment. Another factor that could be pointed out as a limitation is the impossibility of accessing relevant information in the country where the study was carried out (Hungary), for example the population list of relevant companies for the study. In the case of studies in other countries, it would be valuable to establish a protocol with a local university and/or have a co-author of the nationality of the country where the study is to be carried out. Besides helping to reduce the level of mistrust among companies and consequently increase the number of participants, it could also help to provide access to more specific information about the reality of that country. Keywords: Reverse Logistics; Multicase Study; Concept, Returns and Environment; Hungarian Companies.