Psychometric properties of the adverse childhood experiences questionnaire among portuguese adolescents and young adults [Texto impresso] = Propriedades psicométricas do questionário das experiências adversas na infância em adolescentes e jovens adultos portugueses

Abstract

Introdução: O questionário de Experiências Adversas na Infância (EAI) (Felitti et al., 1998) tem sido amplamente utilizado para identificar as EAI, bem como as consequências destas para a saúde. No entanto, há uma falta de evidência sobre as propriedades psicométricas deste questionário. Além disso, a pontuação cumulativa não tem em conta as variações de gravidade por tipo de EAI, uma vez que todas recebem a mesma pontuação. Objectivos: Este estudo tem dois objectivos principais: a) examinar a análise fatorial confirmatória (AFC) do questionário EAI; b) examinar a relação entre as dez EAI no risco de sintomatologia depressiva e ansiosa. Método: Os participantes eram 1.162 adolescentes e jovens adultos, com idade média de 17 anos, sendo 48.2% do sexo feminino e 51.8% do sexo masculino. Foram recrutados nos Serviços de Proteção de Crianças e Jovens, Centros Educativos, Registos Oficiais de Infrações Penais Juvenis, e da comunidade do Norte de Portugal. Utilizámos um Questionário Sociodemográfico, Questionário EAI e o Inventário Breve de Sintomas. Resultados: A AFC revelou o melhor modelo de 6 dimensões, que incluiu disfunção familiar, violência doméstica, negligência, abuso sexual, físico e emocional, mas foram retirados 16 itens. O abuso físico, emocional e a disfunção familiar predisseram os sintomas de depressão e ansiedade. Conclusões: São discutidas as possíveis causas para a retirada de itens do instrumento, que poderá passar pela utilização de um modelo formativo em vez de um modelo reflexivo. São também feitas reflexões em torno da pontuação cumulativa tendo em conta que as EAI poderão ter efeitos diferentes.

Introduction: The Adverse Childhood Experiences (ACE) questionnaire (Felitti et al., 1998) has been widely used to identify ACE as well as their health consequences. However, there is a lack of evidence about the psychometric properties of this questionnaire. Besides, the cumulative scoring does not account for variations in severity by type of adverse experiences and both the ACE receive equal weight in the cumulative score. Objectives: This study has two main objectives: a) examining the confirmatory factorial analysis (CFA) of the ACE questionnaire; b) examining which ten ACE have the highest effects to risk for depression and anxiety symptoms. Method: Participants were 1.162 adolescents and young adults, mean age = 17 years old, with 48.2% female and 51.8% male. They were recruited from Child Protective Services, Detention Centers of Juvenile Offenses, Official Records of Juvenile Criminal Offenses, and Community in the North of Portugal. We used a Sociodemographic Questionnaire, ACE Questionnaire, and Brief Symptoms Inventory. Results: A CFA showed the best model of 6-dimensional ACE that included Household Dysfunction, Domestic Violence, Neglect, Sexual, Physical and Emotional Abuse, but were discarded 16 items. Additionally, the regression analysis showed that physical and emotional abuse, and household dysfunction, were predictors of depression and anxiety symptoms. Conclusions: The possible causes for the discard of several items from the instrument are discussed, which may be due to the use of a formative model instead of a reflective model. Considerations are also made around the cumulative scoring taking into account that adversities may have different effects.