Uma estratégia para garantir proximidade emocional em tempos de distância física : implementação de um programa de visitas virtuais num hospital oncológico

Abstract

No seguimento do Plano Nacional de resposta à pandemia por novo Coronavírus (COVID-19), em 2020 foi decretado o Estado de Emergência. De acordo com essa decisão, o sector da saúde implementou novas medidas de controlo de infeção, nomeadamente, a restrição de visitas a pessoas internadas. Estimava-se que esta medida acentuaria sentimentos e reações de ansiedade, irritabilidade, fragilidade e solidão, uma vez que os doentes não podiam usufruir da presença física dos seus entes queridos (fundamental na resposta adaptativa a situações de doença). Neste contexto, no nosso hospital oncológico, implementámos o Programa de Visitas Virtuais através da Equipa de Apoio Psicossocial constituída por duas assistentes sociais e duas psicólogas clínicas. Perante este novo desafio, e considerando a inexistência de normas ou guiões de suporte ao apoio psicossocial telemático, conjuntamente com a Equipa de Apoio Psicossocial de outro hospital, elaborámos 2 brochuras (Recomendações para Facilitação de Visitas Virtuais e Sugestões para Gestão dos Conteúdos Comunicacionais Desafiantes), cujo valor foi reconhecido pelo Ministério da Saúde e divulgadas nas unidades de saúde do Serviço Nacional de Saúde. Entre março e dezembro de 2020, foram efetuadas 741 visitas virtuais, as quais envolveram 707 beneficiários diretos, designadamente, 145 doentes e 562 familiares ou elementos significativos (amigos, cuidadores, …). As visitas virtuais ocorreram junto de 126 doentes que se encontravam internados e de 19 doentes que, por residirem em áreas geográficas distantes e necessitarem de tratamento diário, beneficiaram de alojamento cedido por entidades externas ao nosso hospital oncológico. Com a progressiva diminuição das restrições de contacto e passados dois anos, o Programa Visitas Virtuais continua em vigor, direcionado no presente para complementar as visitas presenciais dos doentes internados e das respetivas famílias. Da nossa experiência, apesar de não substituir o contacto presencial, constatamos que o apoio telemático pode oferecer conexões significativas e contribuir para o bem-estar de todos os envolvidos.

Following the National Plan to respond to the pandemic caused by the new Coronavirus (COVID-19), in 2020 a State of Emergency was declared. According to that decision, the health sector implemented new infection control measures, namely the restriction of visits to hospitalized people. It was estimated that this measure would accentuate feelings and reactions of anxiety, irritability, fragility and loneliness, since patients could not enjoy the physical presence of their loved ones (fundamental in the adaptive response to illness situations). In this context, in our oncology hospital, we implemented the Virtual Visits Program through the Psychosocial Support Team made up of two social workers and two clinical psychologists. Faced with this new challenge, and considering the lack of forms or guides relating to telematic psychosocial support, together with the Psychosocial Support Team of another hospital, we prepared 2 brochures (Recommendations for Facilitating Virtual Visits and Suggestions for Managing Challenging Communication Content), whose value was recognized by the Ministry of Health and disclosed in the health units of the SNS. Between march and december of 2020, 741 virtual visits were carried out, which involved 707 direct beneficiaries, namely 145 patients and 562 family members or significant elements (friends, caregivers, …). Virtual visits took place with 126 patients who were hospitalized and 19 patients who, because they lived in distant geographical areas and needed daily treatment, benefited from accommodation provided by entities external to our oncological hospital. With the progressive reduction of contact restrictions and after two years, the Virtual Visits Program is still in force, currently aimed at complementing the face-to-face visits of hospitalized patients and their families. From our experience, despite not replacing face-to-face contact, we found that telematic support can offer meaningful connections and contribute to the well-being of everyone involved.