Para além do “verde” : a procura de uma arquitectura ecológica nos desafios paradigmáticos do nosso tempo

Abstract

A procura de uma arquitectura ecológica. Tal é o caminho em que o presente texto se inscreve. Neste caminho, encontramos as questões paradigmáticas dos nossos dias (slogans dos desafios urgentes que o mundo nos propõe), mas não só. O olhar que a presente investigação sugere, vai além da urgência do agora, tentando abraçar significados maiores. A via ecológica da arquitectura, se assim a pudermos nomear, adquire expressões contemporâneas muito mediatizadas – termos como arquitectura “verde”, sustentável, ou ecológica aparecem como homónimos do ethos civilizacional a seguir, manifestado na indústria da construção. Nota-se uma tendência, porventura “verde”. A sua legitimidade não é posta em causa. No entanto, propõe-se mostrar que a expressão ecológica da arquitectura, vai muito além de uma estética e de uma imagética limitadas. Acima delas, a ecologia da arquitectura procura reconhecer o mundo onde se insere e, daí, emergir harmoniosamente. Há a ecológica necessidade da arquitectura fazer crescer um equilíbrio congruente com a sua circunstância (da parte e do todo). Este equilíbrio tem uma expressão material que podemos tentar entender pela razão e pela emoção. Podemos, pois, seguir as respostas que os métodos mais científicos nos vão dando (como a medição da energia incorporada nos materiais de construção). Todavia, talvez por ser menos mensurável (e segura), a expressão sensível, emotiva e intuitiva tende a ser menosprezada na praxis da sustentabilidade. Abrigada pelas duas “arqui”-procuras, esta investigação descobriu um caminho verdadeiramente ecológico, expressado na pertença ao seu contexto espácio-temporal (veja-se o Mosteiro de Santa Maria da Vitória, veja-se a Piscina das Marés). Por um lado, os parâmetros objectivos dão-nos informação indispensável para a sustentabilidade da obra. Por outro lado, a sua harmonia requer a materialização de significados mais profundos – requer o casamento humano, com a mais elevada expressão do Ser. Precisa de uma Poesia construída.

The pursuit of an ecological architecture. Such is the path in which this text is inscribed. In it, we may find the paradigmatic questions of our days (slogans of the urgent challenges proposed to us by the world), but not only. The perspective suggested here, lies beyond the urgency of the now, tentatively reaching for greater meaning. The ecological path of architecture, should we name it so, acquires contemporary expressions, themselves so much mediatized – words such as “green” architecture, sustainable, or ecological come to us as synonyms of the civilizational ethos to follow, manifested within the construction industry. We recognize a tendency, perhaps “green”. Its legitimacy is not questioned here. However, we propose to show that the ecological expression of architecture goes well beyond limited aesthetics and imagery. Above it, the ecology within architecture pursues the understanding of the world it lives in, emerging harmoniously from it. We found the necessity for architecture to grow an equilibrium congruent with its circumstance (part and whole). We may try understanding this equilibrium’s material expression through reason and emotion. So, let us follow the answers given to us by the most scientific methods (such as the embodied energy). Nonetheless, the sensitive, emotive and intuitive expressiveness tends to be underestimated within the praxis of sustainability (perhaps due to it lacking measurability and security). Dwelling in-between both pursuits, this investigation found a truly ecological pathway for architecture, expressing itself while belonging to its context in time and space (see the Santa Maria da Vitória Monastery, and see the Piscina da Marés endeavour). On one hand, the objective parameters provide us with fundamental information towards the sustainability of a building. On the other hand, its harmony asks for the materialization of deeper meanings – it asks for the human marriage with the highest expression of Being. It needs Poetry to be built.