Arquitetura e género : uma reflexão sobre a prática projetual no feminino

Abstract

Os estudos de género, no que concerne à Arquitetura, surgem de uma forma envergonhada, no entanto, constituem uma importante fonte de análise social, cultural e espacial, que não deverá, de forma alguma, ser ignorada, se for a nossa pretensão a consecução de uma sociedade mais justa e equalitária. Movidos pela falta de visibilidade das mulheres na Arquitetura, que, enfatizada pelo facto da cena arquitetónica ser dominada por homens, e definida pelo paradigma masculino androcêntrico , tanto no ato de projetar como no de ensinar da arte, 1 é nossa intenção fazer uma reflexão sobre a Arquitetura a partir de uma perspectiva de género. A escassa visibilidade, já mencionada, pode ser prontamente constatada numa breve pesquisa às obras publicadas em livros, revistas, e até mesmo nos programas de ensino das Faculdades de Arquitetura. O parco reconhecimento concedido às arquitetas nas publicações da área, assim como na sua historiografia, contribui para a construção de uma imagem um tanto equivocada sobre a relevância do trabalho feminino no campo profissional, o que, de alguma forma, contribui para a perpetuação da disparidade entre homens e mulheres, naquilo que diz respeito ao reconhecimento do direito de exercer a atividade profissional de uma forma legítima e intensa. É assim, nosso objetivo intensificar a dialética entre a Arquitetura, a História e as Ciências Sociais, com vista ao confronto das permanências e/ou variações do espaço construído. Tendo sempre em conta os processos de teor técnico; espacial e estético, e de conteúdo moral; tudo o que abrange o social, o económico e o político.

The ender studies, as far as architecture is concerned, emerge in a shameful manner; however, they constitute an important source of social, cultural and spatial analysis, which should by no means be ignored if it is our intention to achieve a fairer and more egalitarian society. Driven by the lack of visibility of women in architecture, which, emphasized by the fact that the architectural scene is dominated by men, and defined by the androcentric2 male paradigm, both in the act of designing and teaching of art, is our intention to reflect on Architecture from a gender perspective. The sparse visibility mentioned above can readily be seen in a brief survey of works published in books, magazines, and even in the teaching programs of the Faculties of Architecture. The poor recognition granted to the Architects in the publications of the area, as well as in their historiography, contributes to the construction of a somewhat mistaken image about the relevance of female work in the professional field, which somehow contributes to the perpetuation of the disparity. between men and women, as regards the recognition of the right to practice in a legitimate and intense manner. Thus, our objective is to deepen the dialogue between Architecture, Social Sciences and History, in order to relate the permanences and transformations of the built spaces with the broader technical, spatial, aesthetic, moral, social, economic and political processes.