Alcoutim : arquitectura, sinais e identidade

Abstract

O território de Alcoutim é um local escondido, situado no nordeste da serra algarvia do Caldeirão. Território de transição, de passagem, mas também de fixação para aqueles que o escolheram. É um local com memória. Os projectos de recuperação da barragem romana do Álamo, da villa romana do Montinho das Laranjeiras e do castelo de Alcoutim são projectos de arquitectura implantados e integrados numa paisagem com ligações ao passado. A arqueologia revela-nos uma gesta por onde trazemos à vida pedras, tempo, isto é, verdadeiros sinais. É esse o fundamento destes projectos de arquitectura minimalista. Nas restantes intervenções, o Auditório de Alcoutim, a remodelação dos Paços do Concelho da Câmara Municipal, o Parque de Estacionamento do Castelo e o Miradouro da Pousada, permanece o domínio do silêncio e a presença das pedras ancestrais. Os projectos procuram assumir a fecundidade dos sinais que brilham nesses lugares. Os monumentos patrimoniais, como obras-primas de referência que são, peças onde a civilização se exprimiu em determinado momento do tempo, carecem de inventários actualizados. As actualizações são intervenções de salvaguarda, de recuperação e reabilitação do passado. Para que exista empenhamento pela preservação dos monumentos por parte dos povos são necessários inventários devidamente esclarecedores. Memórias transmitidas nos sinais que revelam a identidade de um povo na sua arquitectura. Para conseguir esse efeito, tendo como referência as recomendações da Carta de Atenas de 1931, procuram-se aqui, fundamentalmente, os registos descritivos e ilustrações do património que permitiram as intervenções recentes de arquitectura que neste trabalho são apresentadas.