Musicoterapia e autorregulação : aplicações na paralisia cerebral e hiperatividade

Abstract

Enquanto crianças, confrontamo-nos com um mundo que nos solicita ajustamentos contínuos, adaptabilidade a novas experiências e assimilação de comportamentos. Num crescimento harmonioso a criança desenvolve capacidades de autorregulação que lhe permitem relacionar-se com diversas situações ao nível da compreensão, da emoção, do comportamento e da fisiologia. Em crianças com perturbações do neurodesenvolvimento esta capacidade pode ser difícil de adquirir devido às dificuldades existentes no seu crescimento e na aquisição de competências. Através da sua prática, a música pode gerar competências de autorregulação através da expressão emocional musical e da criação de canções de tema pessoal, organizando um Self em devir de um músico-criança que emerge porque existe em cada um de nós. Este documento apresenta uma intervenção musicoterapêutica em contexto escolar no âmbito de um estágio curricular do mestrado em musicoterapia. A intervenção decorreu durante sete meses, no decurso dos quais foram realizadas sessões individuais de musicoterapia com oito alunos dessa escola. Na descrição e reflexão deste processo salientou-se dois estudos de caso. Os resultados, analisados qualitativamente, foram positivos, indo ao encontro das premissas da revisão de literatura. A musicoterapia revelou-se um procedimento relevante para todos os intervenientes, potenciando a autodescoberta e desempenhando um papel fundamental no estabelecimento da relação com o outro.

As children, we confront with a world that demands continuous adjustments, adaptability to new experiences and assimilation of behaviors. In a harmonious growth, the child develops self-regulation abilities that allow him to relate to various situations in terms of comprehension, emotion, behavior and physiology. In children with neurodevelopmental disorders, this ability may be difficult to acquire because of the difficulties in their growth and skills acquisition. Through its practice, music can generate self-regulation skills through musical emotional expression and the creation of personal theme songs, organizing a Self into becoming a child-musician that emerges because it exists in each of us. This paper presents a music therapy intervention in a school context within a curricular internship of the masters’ degree in music therapy. The intervention took place during seven months, during which eight students from that school received individual music therapy sessions. In the description and reflection of this process, we highlight two case studies. The results, analyzed qualitatively, were positive, meeting the assumptions of the literature review. Music therapy has proved to be a relevant procedure for all participants, enhancing self-discovery and playing a key role in establishing the relationship with the other.